Em funcionamento 24 horas por dia, 7 dias por semana, o setor de hemodinâmica do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV) é, dentre outros serviços, referência para realização de exames diagnósticos e tratamento da grande maioria das doenças cardiovasculares registradas na unidade. Criado em 2001, o serviço celebra 20 anos de atuação e acumula números expressivos e reveladores sobre a importância do trabalho não só para a população de Jundiaí, mas também de toda a região. Ao todo, o serviço contabiliza mais de 35 mil exames desde o início de suas atividades.
Complementares, o médico de hemodinâmica e cardiologia intervencionista, Dr. Lourenço Teixeira Ligabó, explica que o serviço foi instituído junto com o departamento de cirurgia cardíaca, implantado na instituição no mesmo ano. “São serviços que se completam, um não funciona sem o outro. Além dos pacientes necessitarem dos resultados dos exames para saberem se precisam operar, em outros casos selecionados também realizamos a angioplastia com implante de stent. Por isso, com as duas áreas trabalhando em conjunto e atuando de forma plena, mantemos a excelência e a qualidade dos atendimentos”.
Por meio da hemodinâmica, pacientes internados e encaminhados do Ambulatório de Especialidades do HSV, realizam procedimentos como o cateterismo cardíaco, que avalia as artérias do coração, angioplastia para implante de stent, pequena prótese em formato de tubo que é colocada no interior da artéria para desobstruí-la, além de oferecer suporte aos exames diagnósticos e terapêuticos das especialidades de neurologia e cirurgia vascular. A unidade realiza, entre pacientes internos e externos, uma média de 104 exames mensais pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com Dr. Lourenço, muitos procedimentos dessas especialidades são realizados em caráter de urgência, porém, a unidade referenciada para este tipo de atendimento é o Hospital das Clínicas da UNICAMP. “Nós atendemos casos de alta complexidade, urgências e emergências e, por isso, precisamos estar disponíveis para absorver esses pacientes. A UNICAMP fica próxima do município, além de ser igualmente capacitada e reconhecida pela excelência do serviço em saúde, assim como o São Vicente, então fica responsável pelos casos dos quais não somos habilitados para tratar”, conta o profissional.
A unidade recebe pacientes de todo aglomerado urbano de Jundiaí, como munícipes das cidades de Itupeva, Louveira, Campo Limpo Paulista, Várzea Paulista, Cabreúva e Jarinu. Composta por quatro médicos especialistas, a equipe conta ainda com a atuação dos cardiologistas, Dr. Silvio Giopatto e Dr. Thomas B. Conforti, além do neurocirurgião e intervencionista, Dr. Eduardo André Goulart de Alcântara. Sob o comando do cirurgião cardiovascular e coordenador responsável pela hemodinâmica, Dr. Wagner Tadeu Ligabó, a equipe ainda conta com colaboradores da administração, enfermagem, entre outras áreas assistenciais.
Pandemia
Assim como diversas outras instituições de saúde espalhadas pelo país, o Hospital São Vicente se tornou referência para os atendimentos e internações por covid-19. No pico da pandemia, a unidade hospitalar chegou a contar com toda sua capacidade de leitos exclusivos para a internação de pacientes infectados. O medo, a angústia e a precaução, impediram que muitas pessoas evitassem o ambiente hospitalar, ainda que apresentassem sintomas graves de outras doenças igualmente preocupantes.
A doença cardiovascular é hoje uma das principais causas de mortes em todo o mundo. Segundo o relatório anual do estudo Carga Global de Morbidade (CGM), a hipertensão foi a doença que mais matou no mundo em 2019, sendo a causa da morte de cerca de 10,8 milhões de pessoas. No Brasil, o número de mortes por doenças do coração cresceu até 132% durante a pandemia, segundo pesquisa realizada pelas universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Minas Gerais (UFMG), pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e pelo Hospital Alberto Urquiza Wanderley, localizado no nordeste do país.
“A pandemia trouxe um problema grave de saúde pública e, num primeiro momento, houve uma redução do número de exames por conta do medo da população de procurar o hospital quando precisava. Diversos relatos na literatura indicam que, por conta disso, houve um aumento de morte súbita em casa, de pacientes que já apresentavam sinais de problemas cardíacos. Depois que a pandemia abrandou, identificamos o inverso e desta vez, registramos um aumento significativo de exames por conta dessa demanda reprimida. Também observamos que os pacientes chegaram com quadros mais graves, provavelmente por ficarem postergando a vinda ao hospital”, explica Dr. Lourenço.
O médico reforça que, seguindo todos os protocolos de segurança, o paciente deve comparecer à unidade de saúde caso sinta algum sintoma. “Em tempos de pandemia acabamos esquecendo um pouco que as outras doenças também devem ser tratadas. Infelizmente elas não desapareceram com o surgimento da covid-19 e, por isso, continuam sendo perigosas e colocando em risco a nossa saúde”.
Celebração
Dr. Giopatto faz parte da equipe desde a fundação do serviço e compartilha sua alegria em ver como a unidade se desenvolveu ao longo dos anos. “O início foi um período difícil, pois as incertezas eram grandes, mas nos unimos com esse ideal, construído com muito empenho e compromisso pelo Dr. Wagner, junto com toda a equipe. Com paixão pela profissão, todos investiram muito de suas vidas aqui. Nesse contexto, fui convidado por ele para somar ao grupo e vestir essa camisa. Alimentamos desde então uma relação de amor com a cidade e com o Hospital São Vicente. Sempre oferecemos o que há de melhor na cardiologia e na cardiologia intervencionista, além de investirmos constantemente em tecnologia e novos equipamentos, a fim de manter a qualidade do atendimento. Com o tempo o serviço cresceu, colegas buscaram novos caminhos e nós permanecemos. Conheço o Lourenço desde criança, vi ele se especializar e hoje nós temos um serviço de excelência, com recursos que poucos hospitais no Brasil possuem. É uma honra poder participar dessa história”, finaliza.
A Custódia Roriz dos Santos, enfermeira e responsável técnica da unidade, compartilha a história de amor e dedicação que possui com o serviço. “Meu sonho sempre foi ser enfermeira de hemodinâmica. Iniciei no setor como auxiliar de limpeza em 2008. Ao longo dos anos fui me especializando, iniciei o curso técnico e depois fui fazer a faculdade de enfermagem. Ainda assim, para atuar na área eu precisava de uma pós-graduação, então foi o que fiz. Em 2018, já capacitada, assumi o cargo que estou hoje. A jornada não foi fácil, mas meu esforço e comprometimento me trouxeram até aqui. Sou suspeita para falar, pois amo o que faço e as pessoas com quem trabalho. Serei eternamente grata pela oportunidade e confiança que depositaram no meu trabalho, pois quando comecei não tinha experiência, e esses profissionais me treinaram, me capacitaram e acreditaram no meu potencial”, conta a colaboradora com orgulho.