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Luto: Como lidar com as perdas e construir um novo recomeço

Psicólogo desmistifica assunto e auxilia no enfrentamento da dor

“O luto é uma experiência humana complexa, mas comum e que envolve um conjunto de reações físicas, pensamentos, emoções e comportamentos vivenciados diante de uma perda”, define o psicólogo do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Vinicius Oliveira da Costa. Fato é que, o sofrimento é inerente a condição humana, segundo a psicanálise de Sigmund Freud e a filosofia de Friedrich Nietzsche. Este último, afirma que é por meio do confronto direto com a dor que desenvolvemos a força necessária para enfrentar adversidades futuras.

O processo do luto também está relacionado a outros fatores que não são sobre a morte, necessariamente. “Quando pensamos em luto, automaticamente o associamos a morte de alguém que foi importante para nós. Mas o luto não se limita a essa experiência. Antes, estende-se às mudanças irreversíveis em situações significativas, tais como o término de um relacionamento, o desemprego inesperado e catástrofes naturais que destroem patrimônios, por exemplo”, descreve Vinicius.

O profissional do HSV explica que, inicialmente, não é correto encará-lo como uma patologia. As manifestações de sofrimento decorrentes da perda de algo, ou alguém que é significativo, se tornam inevitáveis ao longo da jornada neste mundo. “Vivemos tempos em que as pessoas têm dificuldade em tolerar a dor e querem evitá-la a qualquer custo, mas se tratando do luto, não há remediação”, conclui.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSMV-TR) sinaliza que o luto se torna um transtorno – denominado, atualmente, de Transtorno de Luto Prolongado – quando as manifestações de sofrimento em relação à perda se estendem por mais de 6 meses em crianças e mais de 12 meses em adultos, causando prejuízo clinicamente significativo e, consequentemente, incapacidade funcional.

As reações físicas mais comuns são: falta de apetite; a insônia; sensação de aperto no peito e na garganta; falta de ar; falta de energia; e maior facilidade para o choro. Na esfera dos pensamentos, pode haver a negação da realidade; dificuldade de concentração ou da capacidade de manter a organização do pensamento; e excesso de preocupação. Há maior presença de emoções desagradáveis de sentir, como a tristeza, a ansiedade, a raiva e a saudade. Os comportamentos também se manifestam a partir do isolamento, valorização excessiva de pertences, de imagens e lugares que tragam lembranças.

Em crianças e adolescentes, os sinais dependem do momento de desenvolvimento em que elas se encontram. De modo geral, é possível perceber mudanças no padrão do brincar, que pode se tornar menos frequente. Há maior presença de comportamentos agressivos e regressão de desenvolvimento. Em situações que exigem separação momentânea, como a ida para a escola, há intensa ansiedade de separação e desregulação emocional pelo medo de uma nova perda, além de preocupações com a saúde dos familiares e questionamentos recorrentes sobre a morte.

No contexto dos casos mencionados, é importante que a pessoa procure suporte de um profissional da saúde mental, preferencialmente psicólogo ou psiquiatra, que, a partir da avaliação realizada, indicará estratégias farmacológicas e não-farmacológicas para o manejo dos sintomas, o que inclui a prática da psicoterapia, por exemplo.

Eu diria que não há uma resposta exata sobre como encarar a perda ou a morte como parte da vida, no entanto, encará-las com naturalidade pode ser um grande desafio, porque, normalmente, não estamos naturalmente prontos para perder. Penso que viver uma vida mais autêntica consigo mesmo, cultivar o autocuidado, adotar estilos de vida mais saudáveis, cercar-se de uma rede de apoio, com laços de filiação significativos e se conectar com a espiritualidade, podem tornar a realidade da morte e o impacto das perdas mais suportável”, orienta o psicólogo.

No dia 31 de agosto, das 9h às 17h, o Hospital São Vicente, por meio da equipe de psicologia da Instituição, realiza mais uma edição do Workshop do Luto. O evento tem como objetivo facilitar o acesso à conteúdos teóricos atualizados e relevantes, além de promover experiências que envolvam os participantes de forma integrada com a temática, favorecendo maior autopercepção e impulsionando práticas mais efetivas no cuidado assistencial.

O workshop será realizado na Universidade Corporativa do HSV, na Rua Cel. Boaventura Mendes Pereira, nº 271, Vila Boaventura, em Jundiaí.

Psicólogo desmistifica assunto e auxilia no enfrentamento da dor

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