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Gesto de empatia, família de jovem de 13 anos autoriza a doação de órgãos

“…O Leo era um garoto bom, gostava de ajudar as pessoas, por isso tenho a certeza de que, se dependesse dele, ele aceitaria a doação…”, declara a mãe do jovem

A partida de uma pessoa querida é sempre um momento delicado e triste. E nem sempre há tempo para se falar sobre doação de órgãos, especialmente no caso dos mais jovens, que sonham com uma vida inteira pela frente. “Nunca conversamos sobre o assunto, ele era muito jovem e, mesmo sabendo da gravidade do caso, nas conversas com os médicos, ainda esperávamos um milagre”, relata Juliana Alves de Souza, mãe de Leonardo Alves de Araújo, 13 anos, vítima de atropelamento no último domingo, dia 28, e que veio a ter morte encefálica nesta quinta-feira, dia 1º. A família autorizou a doação de coração, pulmões, fígado, rins, pâncreas e córneas. A captação foi realizada na manhã desta sexta-feira, dia 02, no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV).

Com auxílio do helicóptero Águia da Polícia Militar, coração e pulmões seguiram para São Paulo

Juliana diz que a decisão não é fácil, mas que pela personalidade do filho acredita que foi a decisão correta. “O Leo era um garoto bom, gostava de ajudar as pessoas, por isso tenho a certeza de que, se dependesse dele, ele aceitaria a doação. Agora ele, que já está junto do “Pai”, vai poder salvar outras vidas”, relata emocionada.

Setembro é o mês dedicado à conscientização sobre a doação de órgãos, chamado de “Setembro Verde” e o gesto da família de Leo, como era carinhosamente chamado, marca o início deste período para a equipe da Comissão Intra Hospitalar de Transplantes (CIHT) do HSV, criada em 2008.  Com o suporte desta equipe, coração e pulmão seguirão para um único paciente no Hospital Albert Einstein, em São Paulo; fígado e rins seguirão para o Hospital de Clínicas da Unicamp, em Campinas; pâncreas vão para o Hospital Bandeirantes, em São Paulo e as córneas para o Banco de Olhos de Sorocaba.

A corrida contra o tempo é um desafio para todos os envolvidos, ao mesmo tempo em que equipes multiprofissionais atuam no Centro Cirúrgico do HSV, simultaneamente pacientes que estão na fila de transplante do Ministério da Saúde (quase 50 mil pessoas), são acionados para os hospitais onde os transplantes ocorrerão. A agilidade, sincronismo e amor de todos é essencial, pois, para se ter uma ideia, o tempo de isquemia, ou seja período em que um coração e um pulmão resistem entre serem retirados de um paciente e transplantados em outro, é de 4 horas. O que muitas vezes exige transporte aéreo. Neste caso, o helicóptero Águia da Polícia Militar é que auxiliou no transporte até São Paulo.

Equipe do Hospital Albert Einstein durante a captação de coracao e pulmoes

CIHT

A CIHT do HSV é dedicada a acompanhar pacientes com confirmação de morte encefálica e dar todo o suporte necessário para a família. A equipe tem diversos profissionais, incluindo assistente social, fisioterapeuta, psicólogos, médicos e enfermeiros. Sob o comando da enfermeira Thais Fernanda Rocha Santos, a CIHT aciona a  Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) de São Paulo e garante todo o suporte às equipes médicas durante a captação e manutenção dos órgãos, até que siga à instituição que fará o transplante. No ano de 2021, a CIHT viabilizou a captação de 73 órgãos, num total de 14 doadores.

Para doar os órgãos é necessário que a família do paciente autorize, por isso, a recomendação é que o assunto não seja um tabu. Conversar sobre o tema faz com que no momento deliciado como o óbito a decisão familiar se torne mais fácil, com base na vontade do paciente.

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