Sempre com foco na segurança, cuidado e conforto do trabalhador, a ergonomia se aplica em diversas áreas como educação, transporte, na concepção de projetos de veículos, equipamentos e maquinas, mas principalmente para os trabalhadores da saúde. A ciência multidisciplinar visa estudar as situações de trabalho e identificar os riscos envolvidos, sejam físicos, cognitivos e organizacionais, propondo assim melhorias por meio de ações de capacitação e treinamento, organização do trabalho, recursos físicos, entre outras iniciativas.
O fisioterapeuta e ergonomista, Andrew Fernandes de Oliveira Gonçalves, faz parte da equipe da Saúde Ocupacional do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV) e explica que existem legislações e normas especificas para cada situação. “No Brasil seguimos a NR17, que define parâmetros para a ergonomia como, por exemplo, levantamento, transporte e descarga individual de cargas, mobiliário dos postos de trabalho e condições de conforto no ambiente organizacional. Com a atualização recente dessas diretrizes, viabilizamos o relatório de ergonometria preliminar a fim de analisarmos e identificarmos fatores de risco e quantificar se eles são de grande ou baixo risco”.
Inicialmente, o levantamento foi realizado por uma empresa especializada em áreas internas do hospital como unidades cirúrgicas, serviço de nutrição e dietética, central de materiais esterilizados, unidades de terapia intensiva, pronto socorro, entre outros departamentos, além de serviços externos administrados pelo hospital, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e Serviço de Atendimento a Pacientes Especiais e Crônicos (SAEC).
“Precisamos compreender as atividades dos trabalhadores para identificar riscos como repetitividade de movimentos, temperatura, esforço e frequência dessas atividades. Foi um levantamento que seguiu algumas etapas, desde a parte de conhecimento da empresa, até a parte de aplicação de questionários, onde acompanhamos alguns processos e mensuramos os resultados. Desde então o hospital tem investido em melhorias administrativas e estruturais para garantir a saúde do colaborador. Já foram adquiridas cadeiras, suportes com regulagem de altura para monitor, apoio para os pés e adequação de tapetes ergonômicos”, conta Andrew.
A líder de rouparia, Carmem Lúcia de Oliveira Merciano, explica que os tapetes ergonômicos melhoraram sua rotina. “Nós ficamos o dia todo de pé e isso nos estabiliza. Parece um amortecedor e sempre sentimos a diferença quando pisamos no chão sem o tapete”. A auxiliar de rouparia, Flauviana Maria da Silva Pina, relatou também que o corpo já sentiu os benefícios do objeto. “Eu tenho má circulação e o recurso me ajudou muito com isso, além da minha dor na coluna. Foi uma mudança bem importante para nós”.
Ações preventivas e consciência corporal
Além das ações e adequações do ambiente, é necessário que o próprio colaborador crie consciência corporal para evitar dores e diminuir um possível desconforto. Andrew explica que com a conclusão do relatório da empresa externa, a continuidade das ações será realizada por ele e pela equipe da Saúde Ocupacional.
“Serão disponibilizados treinamentos para orientação postural, entendimento dos movimentos, os limites do corpo e a relação do mesmo com o ambiente. O primeiro sinal de um comportamento físico errado é a dor, justamente o que devemos evitar. A ideia é promover esses treinamentos de conscientização e conhecimento da postura com base na análise ergonômica, que propõe orientações especificas para cada área do hospital”, explica o ergonomista.
O especialista ainda reforça que o objetivo é cuidar de quem cuida. “Podemos promover mudanças com pequenas ações, deixar o trabalho mais confortável e a pessoa mais produtiva, não só dentro da instituição, mais fora dela também. Nada substitui a possibilidade desse trabalhador poder fazer uma atividade física ao chegar em casa, cuidar do filho com conforto e sem dor”.