Tabaco, drogas, álcool e medicamentos são algumas das substâncias que podem causar a dependência química. Considerada um transtorno mental pela Organização Mundial da Saúde (OMS), existem inúmeros motivos pelos quais uma pessoa utiliza drogas lícitas e ilícitas. Estudos apontam que os principais motivos incluem a curiosidade e a influência de amigos, a busca por aceitação no meio social, o que, com o tempo, pode levar à dependência, além da busca por prazer e da sensação de liberdade e empoderamento que elas proporcionam. Com o abuso das substâncias, a situação fica incontrolável em casos mais graves.
Nesse cenário, é nítido o sofrimento não só do paciente, mas também das pessoas de sua convivência, como cônjuge, familiares e amigos. “O papel da família e dos amigos é fundamental para identificar e acolher a pessoa que enfrenta a dependência química. Mesmo que a família se torne codependente e seja difícil compreender essa doença, demonstrar afeto e segurança faz com que a pessoa se sinta mais confiante para superar a situação”, explica a assistente social do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Ana Iza Galvão Bianchin.
De acordo com a profissional, os sinais de dependência estão, sobretudo, no comportamento do usuário. “São visíveis as mudanças na rotina e no comportamento da pessoa. Observamos agitação, agressividade, omissões e/ou mentiras contadas para obter acesso às drogas com mais facilidade. Em casos de uso prolongado, quando a pessoa não tem mais condições financeiras para sustentar o vício, ocorrem os furtos e as agressões”.
Ana Iza ressalta importância do acolhimento de familiares e amigos
Papel social
O Serviço Social se torna um facilitador na busca por caminhos para superar o grande desafio de combater a dependência química. Os profissionais desempenham um papel importante na conscientização sobre o uso de drogas como medida preventiva, além de fornecer orientação e encaminhamento para serviços públicos ou privados de tratamento. As principais ações para restabelecer o dependente químico são o apoio familiar, apoio da rede pública de saúde e assistência social e a busca de profissionais adequados para o tratamento psicológico e psiquiátrico.
“Não devemos pensar só nos danos físicos e psíquicos do usuário, que é o mais perigoso e pode levar a morte, mas também nos impactos que a dependência tem na sociedade como um todo. Essa situação promove o rompimento de laços afetivos, o desemprego, aumenta a criminalidade e o número de moradores de área livre, que são as pessoas em situação de rua”, pontua a assistente social.
Como ajudar alguém nessas condições?
Demonstrar às pessoas que sempre existe um caminho para tirá-las da situação em que vivem é fundamental, pois, assim, se sentirão acolhidas e seguras. É importante dizer que o adoecimento também acomete a família e, por isso, o cuidado deve se estender a todos os envolvidos. É de extrema importância que a família, os amigos ou o próprio dependente busquem ajuda profissional para orientação na superação dos desafios.
“É necessário ter muita empatia e paciência para mostrar esses caminhos. Hoje, na era digital, temos muitos recursos e informações disponíveis. Também é possível buscar artigos que abordam amplamente esse assunto e que se encaixam melhor em cada realidade”, ressalta Ana.
Cuidado deve ser realizado com o auxílio de profissionais qualificados