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Homens devem se tornar os protagonistas responsáveis pela própria saúde

É importante conscientizar a população masculina sobre idas regulares ao médico

Uma pesquisa realizada em 2023 pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), viabilizada pelo Laboratório Adium, apontou que 46% dos homens acima de 40 anos só vão ao médico quando apresentam algum sintoma ou incômodo. Esse número sobe para 58% entre os brasileiros que utilizam apenas os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com o médico urologista do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Dr. Daniel Beltrame Ferreira, o fato de os homens irem menos ao médico está ligado à questões culturais. “Historicamente, somos frutos de uma sociedade patriarcal e o preconceito, o medo e a negligência têm influência sobre o comportamento da população masculina. Durante muito tempo, os homens acreditavam que não adoeciam, que eram mais fortes, invulneráveis e não podiam demonstrar sinais de fraqueza. Esse tipo de pensamento certamente passou a atrapalhar os cuidados com a saúde”, aponta.

Recentemente, um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo mostrou que 70% dos homens que procuram um consultório médico só o fazem por influência da esposa ou de filhos. Um dado preocupante é que mais da metade desses pacientes adiaram a ida ao médico o máximo possível, até serem atendidos e diagnosticados com doenças em estágio avançado. “Apesar dos avanços no cuidado da saúde masculina, ainda temos muito o que investir em conscientização, informação e políticas públicas relacionadas ao tema”, indica o urologista.

Dr. Beltrame afirma que 75% das doenças que afetam a população masculina estão concentradas em cinco grandes áreas: cardiologia, urologia, saúde mental, gastroenterologia e pneumologia. Segundo o médico, o urologista deve estar presente na vida do homem em todas as idades, da criança à pessoa idosa.

Dr. Beltrame reforça a importância das campanhas de conscientização voltadas ao público masculino

Engana-se quem pensa que o acompanhamento com o médico da especialidade de urologia inicia apenas na vida adulta. “Existem muitas razões pelas quais o acompanhamento é importante. Na infância, podemos citar os problemas relacionados à fimose, infecções de urina, enurese (perda de urina durante à noite), criptorquidia (ausência de um dos testículos na bolsa testicular) e alterações genitais ou congênitas. Já na adolescência, é importante visitar o urologista para orientações e esclarecimento de dúvidas sobre a sexualidade, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e gravidez indesejada, orientações sobre a vacinação contra o HPV, avaliação de fimose, varicocele (varizes testiculares) e acompanhamento do desenvolvimento e puberdade”, explica o urologista do Hospital São Vicente.

Para homens a partir dos 45 anos, iniciam-se as preocupações com a hiperplasia prostática benigna – HPB (aumento benigno da próstata) e com o câncer de próstata, além de problemas como os cálculos do trato urinário, outros tipos de tumores, disfunção erétil e distúrbios hormonais.

A HPB pode acometer até 50% dos homens acima dos 50 anos, alterando a qualidade miccional e de vida. Já o câncer de próstata é o segundo tumor mais comum entre os homens, com estimativa de 72 mil novos casos por ano no próximo triênio, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A sua incidência aumenta com a idade, acometendo 1 a cada 9 homens ao longo da vida.

O diagnóstico precoce do câncer de próstata depende do rastreamento e das medidas de prevenção. A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que os homens a partir de 50 anos devem procurar o médico urologista para avaliação individualizada pelo menos uma vez ao ano. Essa avaliação deve se iniciar ainda mais cedo, aos 45 anos, se observados casos da doença em parentes de primeiro grau e em homens afrodescendentes.

Dr. Beltrame reforça que a principal maneira de contornar o cenário atual, fazendo com que os homens se dediquem mais aos cuidados com a saúde e façam acompanhamento médico (não só com o urologista, mas também com outras especialidades), é o acesso à informação e a conscientização.

“Da mesma forma que as meninas são levadas desde cedo ao ginecologista, os homens devem estar habituados com as visitas regulares aos médicos e ao urologista. As orientações devem focar em mudanças de estilo e hábitos de vida, centradas em medidas preventivas, avaliações médicas de rotina, boa alimentação, atividade física, saúde mental, medidas de proteção e cuidados, além de consciência corporal, aumentando a atenção aos sinais e sintomas do corpo. Trata-se de uma mudança de paradigma, colocando o homem como protagonista e responsável pela sua saúde”, afirma o urologista do HSV.

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