Mais conhecido como “gaiola”, o fixador externo pode ser utilizado em abordagens variadas, como casos de fraturas simples; fraturas expostas; fraturas patológicas; osteotomias corretivas; deformidades ósseas; pseudoartroses; artrodeses; entre outros acidentes. O aparelho é minimamente invasivo e fundamental para o tratamento de casos como esses, mas traz consigo algumas adversidades em termos estéticos, já que fica visível, o que pode comprometer a autoestima do paciente. Durante o tratamento, em razão da necessidade, muitos pacientes adaptam suas rotinas e até suas roupas, já que em muitos casos é necessário cortá-las.
O médico cirurgião ortopedista e especialista em fixador externo do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Dr. Ricardo Fruschein Annichino, conta que, diante dessa realidade, uma ideia surgiu para os profissionais do corpo clínico. “A parte psicológica conta muito nesse processo. Tudo começou quando a mãe de um outro paciente, que atua como costureira, quis retribuir, de maneira carinhosa, o tratamento recebido aqui. O Dr. Marcelo D’Amado, um ortopedista excelente, em período de estágio e que atende aqui conosco, comprou os tecidos para que ela confeccionasse algumas capas protetoras de fixador. Para cada capa vendida, uma foi doada pela internet. Vendo toda essa movimentação, o grupo de voluntários do HSV se propôs a dar continuidade no projeto. Praticamente todos os pacientes, atualmente, possuem o adereço”.
A Viviane Rasera, supervisora de projetos sociais no HSV, conta que o trabalho voluntário para confecção das capas é realizado em parceria com a Associação Socioeducacional Casa da Fonte, que já confeccionou 30 adereços. A entidade recebe diariamente crianças e adolescentes no contraturno escolar com atividades diferenciadas e a ampliação de horizontes. Jovens e adultos também são assistidos em cursos semiprofissionalizantes e de geração de renda, que visam a ampliação do orçamento doméstico.
“Uma das voluntárias do HSV, que atua no Ambulatório de Ortopedia, viu a ação do médico, achou muito bacana e me acionou para viabilizar a parceria e doação. Geralmente, os pacientes já solicitam a capa no dia do primeiro curativo. Eles adoraram”, compartilha. A supervisora de atendimento, Juliana Batagin Bertolucci, completa. “É uma forma de acolher, deixá-los mais confortáveis, além de contribuir para a recuperação”.
Ao lado do Dr. Ricardo, Anderson já faz uso da capa
Projeto aprovado pela população
Há 24 anos, Anderson Rogério Finamore, de 50 anos, sofreu um acidente jogando futebol, teve uma fratura exposta na perna e, desde então, já passou por mais de 10 procedimentos cirúrgicos. Diagnosticado com osteomilite, infecção óssea geralmente causada por bactérias, micobactérias ou fungos, o paciente conviveu com a dor e o desconforto por anos, até dezembro de 2023, quando foi atendido no Ambulatório de Ortopedia do HSV.
“Sempre fui atendido na rede particular e todos esses problemas causaram deformidade no membro. No HSV, eles me operaram, fizeram uma limpeza e depois, graças a Deus, apareceu o Dr. Ricardo na minha vida. Foi neste momento que decidimos colocar o fixador externo. Eu lidava com o líquido que saía, um cheiro forte, e tudo isso me atrapalhava muito, me gerava insegurança”, conta Anderson.
Francisco Augusto Soares Silva, de 51 anos, também garantiu sua capa. “Sofri um acidente de moto e estou em tratamento. É um recurso muito útil, que vai me ajudar muito, me proteger e me preservar quando for sair para algum lugar, já que as pessoas ficam olhando e perguntando sobre o fixador. Agradeço por esse cuidado”.
Sr. Francisco recebe capa protetora da equipe do Ambulatório de Ortopedia