Além do cigarro: câncer de pulmão pode surgir mesmo em não fumantes

O câncer de pulmão é uma das doenças mais graves e difíceis de tratar atualmente. Ele se desenvolve nas células que revestem as vias aéreas dos pulmões, responsáveis por proteger nosso corpo das impurezas do ar e permitir a respiração correta. Embora seja mais comum entre fumantes, entre 10% e 20% dos casos ocorrem em pessoas que nunca fumaram, o que mostra que outros fatores, como o ambiente e a genética, também influenciam no surgimento da doença.

O médico oncologista do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Dr. Breno Reiss, explica que existem dois tipos principais de câncer de pulmão. O mais comum é o carcinoma de não pequenas células, que representa cerca de 85% dos casos e se divide em dois subtipos principais: adenocarcinoma e carcinoma escamoso. O segundo tipo, mais raro, é o carcinoma de pequenas células, que costuma se espalhar com maior rapidez. Além disso, o tipo de tumor varia entre fumantes e não fumantes. Geralmente, fumantes desenvolvem um tipo mais agressivo, que responde melhor a tratamentos como quimioterapia. Já nos não fumantes, o tumor costuma crescer nas partes externas do pulmão e pode ser tratado com terapias mais específicas e personalizadas, apresentando bons resultados.

“Nos últimos anos, o número de casos entre pessoas que nunca fumaram tem crescido em vários países. Com a diminuição do hábito de fumar, outros fatores de risco têm ganhado mais destaque. A convivência com fumantes, especialmente dentro de casa, aumenta significativamente o risco. Outros fatores importantes são a poluição do ar, tanto em áreas urbanas quanto dentro de casa, devido ao uso frequente de lenha ou queima de lixo, além da exposição a produtos químicos em alguns ambientes de trabalho. Também devemos considerar o histórico familiar e os fatores genéticos”, destaca o especialista.

Dor no peito é um dos sintomas da doença

Mesmo quem leva uma vida saudável deve ficar atento a sinais como tosse constante, cansaço fora do comum, dor no peito, infecções respiratórias frequentes e perda de peso sem explicação. Esses sintomas não devem ser ignorados, pois quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de sucesso no tratamento. Em 2024, pela primeira vez, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) publicaram orientações específicas para o rastreamento do câncer de pulmão.

“As entidades médicas recomendam que pessoas entre 50 e 80 anos, que fumam ou que pararam de fumar há menos de 15 anos, façam anualmente uma tomografia computadorizada com baixa dose de radiação. Esse exame é muito importante porque consegue identificar o câncer de pulmão em estágio inicial, quando o tumor ainda é pequeno e o tratamento tem muito mais chance de sucesso. Estudos mostram que essa estratégia pode reduzir em até 38% o número de mortes causadas pela doença”, conta o médico.

Além dos tratamentos tradicionais, como cirurgia, quimioterapia e radioterapia, atualmente existem novas opções, como a imunoterapia, que fortalece o corpo para combater o câncer, e as terapias personalizadas, que são adaptadas às características específicas de cada paciente. Esses avanços contribuíram para a qualidade e a expectativa de vida de quem enfrenta a doença.

“É importante destacar que precisamos ampliar o acesso à prevenção, aos exames e aos tratamentos para toda a população. Para isso, é fundamental investir em educação, na proteção do meio ambiente e em políticas públicas eficazes que garantam um atendimento moderno e acessível, tanto para fumantes quanto para não fumantes. Combater o câncer de pulmão é uma responsabilidade de todos nós, médicos, governo e sociedade”, conclui Reiss.

Diagnóstico rápido faz toda a diferença, explica Dr. Breno Reiss.

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