Especialista explica como a fisioterapia pode auxiliar na recuperação de doenças cardiovasculares

Denominado como Setembro Vermelho, o mês é dedicado aos cuidados do coração e a levar informações sobre a prevenção e o combate às doenças cardiovasculares, afim de conscientizar a população a cuidar da saúde deste órgão vital para o corpo humano, adotar hábitos saudáveis e ressaltar a importância do acompanhamento com um profissional, principalmente os portadores de doenças cardiovasculares, uma vez que as mesmas são a maior causa de óbitos no país e no mundo. 

O mês também destaca o papel significativo que a profissão de fisioterapia desempenha na saúde e no bem-estar da população em geral. Comemorado no dia 08, o dia mundial da fisioterapia tem por objetivo homenagear todos os fisioterapeutas do mundo que, diariamente, ajudam pessoas a superar problemas musculares e esqueléticos, além da recuperação de doenças. A data foi instituída em 1996 pela Confederação Mundial de Fisioterapia, entidade que conta com mais de 250 mil profissionais pelo mundo.

Para celebrar e relembrar a precaução que devemos ter com a saúde do nosso coração, o coordenador da equipe de fisioterapia do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Daniel Gimenez, que trabalha na instituição há 17 anos, explica como a fisioterapia pode atuar auxiliando pessoas com esses males. O profissional é formado em fisioterapia há 19 anos e especializado em fisioterapia cardiorrespiratória. “O fisioterapeuta é um promotor da saúde. É um profissional que possui formação e conhecimento das doenças que podem levar a aquisição de problemas cardíacos como a hipertensão arterial, diabetes, obesidade e tabagismo, ou seja, o paciente que possui histórico de tais patologias, precisam de um acompanhamento fisioterapêutico. Temos um papel importante na vida desses pacientes, principalmente em casos que necessitam de reabilitação cardíaca”.

O especialista ressalta que a prevenção de tais enfermidades se inicia a partir de pequenas mudanças de hábitos como interrupção da prática do tabagismo e o monitoramento regular do nível de diabetes. “Destaco ainda que a hábito principalmente de atividades físicas ajudam a reduzir o agravamento dessas doenças. Por exemplo, após sofrer um infarto agudo do miocárdio, muitos pacientes seguem com acompanhamento médico apenas com um profissional cardiologista. Porém, o acompanhamento fisioterapêutico para o tratamento é de muita importância neste processo”. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, prevê-se entre os profissionais que cuidam do paciente pós-infarto, o fisioterapeuta, atuando na prevenção do agravamento nos protocolos de reabilitação cardíaca que temos no Brasil.

Gimenez aponta que no caso da reabilitação cardiovascular, o tratamento deve ser iniciado ainda no ambiente hospitalar, visando o começo da recuperação funcional do enfermo. Ele explica que casos de pacientes que necessitam de oxigênio, é realizado um procedimento denominado como “oxigenoterapia”, que consiste em um procedimento de dosagem correta para o uso do mesmo. “O paciente pós-infarto exemplificando, se encontra acamado por um longo período, e hoje sabemos que, a cada semana internado, o indivíduo pode perder até 30% da sua massa muscular, podendo ter dificuldades até mesmo para se movimentar, necessitando também do auxílio de um profissional fisioterapeuta, que utiliza de atividades físicas no leito, mudanças de decúbito e até pequenas caminhadas pela unidade, afim de evitar a perda de força muscular”. Ainda dentro do âmbito hospitalar, o médico conta que com intuído de evitar complicações respiratórias devido tempo de internação, a equipe realiza exercícios específicos, uma vez que o paciente está sujeito a adquirir complicações como pneumonia ou infecção. 

O especialista aponta quatro fases do programa de reabilitação focada nos aspectos físicos do tratamento, com objetivo de minimizar os efeitos da perda de condicionamento prejudicado pelo repouso no leito e intensificar o funcionamento cardiovascular e músculo-esquelético. “A primeira fase consiste em abordagens na unidade hospitalar como já foi mencionado. Após receber alta, entramos com a segunda fase denominada como “fase ambulatorial”, com atividades físicas monitoradas semanalmente por um profissional fisioterapeuta na casa do paciente. Logo, a equipe se prepara para aplicar a terceira etapa, onde o paciente é avaliado e dependendo da sua evolução, a equipe passa a acompanha-lo poucas vezes ao mês, em outras palavras, realizamos o processo de “desmame” dessa assistência. Caminhando para a última etapa, o enfermo entra no estágio de acompanhamento ambulatorial não supervisionado, sendo orientado a procurar um educador físico para manter atividades regulares como caminhadas, e realizar acompanhamento com consultas a cada 6 meses ou anualmente para monitorar o quadro clínico da doença tratada”

Daniel ainda destaca algumas abordagens e procedimentos utilizados em âmbito hospitalar para o tratamento cardíaco dos pacientes. Desde a dosagem de oxigênio, titulando a necessidade junto ao médico responsável pelo paciente, exercícios dentro da instituição para a preservação da massa muscular e ganho de força, e até exercícios respiratórios com o uso de equipamentos para melhorar a performance respiratória, visando a parte cardíaca, visto que as doenças pulmonares são desencadeadas devido a problemas cardíacos. Outro recurso utilizado é o acompanhamento ambulatorial e a reabilitação, sendo um programa com uma equipe multiprofissional, formada por profissionais fisioterapeutas, psicólogos, médicos, nutricionistas e fonoaudiólogos.

“Entre os benefícios da fisioterapia para a reabilitação cardíaca, está principalmente a diminuição das internações hospitalares, a redução de agravamentos dos casos e quadros de descompensação clínica”, cita o médico. A maior qualidade de vida e bem-estar também se encontra como um dos principais benefícios para o paciente, uma vez que as doenças já mencionadas diminuem a “performance” do indivíduo. “São casos em que o paciente se encontra inseguro quanto a maiores esforços que podem complicar a parte cardíaca. Muitos possuem dificuldade ao subir um lance de escadas por conta do cansaço excessivo, ou não praticam atividades como o ciclismo, por exemplo, devido a insegurança de força dos membros. Durante a reabilitação ambulatorial, conseguimos desenvolver com o paciente maior segurança em seus movimentos. Nosso maior objetivo é poder reinseri-lo novamente ao seu convívio social, ambiente de trabalho e principalmente em suas atividades de lazer. Quando realizamos exercícios de força muscular para membros inferiores e superiores ou em aparelhos como esteira e bike, o próprio paciente é capaz de perceber sua evolução clínica e assim se sente melhor do ponto de vista mental e social”, finaliza.

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