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Nossa História

Hospital de Caridade São Vicente de Paulo

Mensagem do Superintendente

Desde o início de nossa gestão, em 2017, mais de duzentas melhorias foram entregues e muitos projetos estão em andamento. No futuro, novas ações serão iniciadas, visando implantar mudanças significativas para a saúde de nossa comunidade. A administração de um hospital é algo que se constrói no dia a dia, um passo por vez. A ideia que nos mantêm firmes é a de somar forças que façam o São Vicente prosperar a cada dia.

Matheus Gomes

Superintendente

A Conferência Vicentina

O final do século XVIII foi marcado pelas desigualdades sociais. Ideais revolucionários aniquilavam quase que totalmente o conceito cristão da caridade. A miséria e a fome deixavam muitas famílias desabrigadas em todo o mundo. Em Paris, apesar de todo seu esplendor e riqueza, a situação não era diferente, o conceito de esmola fora desvirtuado e os pobres abandonados à própria sorte.

 

Nesse cenário caótico vivia o jovem acadêmico e literato, Antonio Frederico Ozanam. Com princípios religiosos e sensibilizado pelo sofrimento dos indigentes, convidou alguns amigos para fundarem uma sociedade caritativa, denominada Sociedade São Vicente de Paulo. O objetivo era socorrer pessoas famintas, doentes e, quase sempre, sem um lar para se abrigar.

 

Seguindo os passos de São Vicente de Paulo, em quem se inspirou para a criação da sociedade, ele e seus companheiros, além de suprir as necessidades materiais de abrigo, alimentos e remédios aos socorridos, também lhe faziam visitas periódicas, levando-lhes afeto e fortalecimento moral com palavras de fé e esperança.

 

 O ideal de Ozanam e de seus companheiros não demorou a frutificar. Em pouco tempo as sociedades Vicentinas, com seu real conceito cristão, espalharam-se por todo o mundo católico.

Em Jundiaí

No dia 05 de dezembro de 1897, em Jundiaí, na Igreja Matriz Nossa Senhora do Desterro, foi fundada a conferência Vicentina Nossa Senhora do Desterro, atualmente denominada Sociedade de São Vicente de Paulo. Na ocasião, estavam presentes o cônego Agnello de Morais, vigário da paróquia, e os senhores Sócrates Fernandes de Oliveira, Francisco Napoleão Maia, Paulo Guatemozim da Fonseca, José Adrião Cassalho Júnior, Joaquim Antonio Batista Costa Júnior, Saturnino Corrêa da Silva, Pedro Leão Gomes, Luiz Gonzaga Baptista Martins, João Baptista S. Morais, João Baptista de Souza e João José de Araújo.

 

A Sociedade nasceu com os mesmos princípios da célula mater de Paris, ou seja, visitar e amparar os pobres, praticar a caridade e as obras de misericórdia, tal qual São Vicente de Paulo, o patrono da Sociedade.

 

Em busca de cumprir com zelo e determinação os propósitos da Conferência Vicentina, seus membros iniciaram imediatamente as obras de caridade. E assim passaram a distribuir gêneros alimentícios, roupas e agasalhos, providenciar melhores condições de moradias para as pessoas e viabilizar assistência médica e remédios aos enfermos.

A ideia do Hospital

Apesar de toda a dedicação devotada aos pobres, os Vicentinos sentiam que mais alguma coisa deveria ser feita para completar a assistência social que desejavam. Faltava um hospital, mas essa era uma empreitada difícil, quase impossível!

 

Quase impossível… Não impossível, pensou o confrade Sócrates de Oliveira. Decidido a concretizar tal objetivo, que sabia ser também o desejo de seus companheiros, na reunião do dia 13 de agosto de 1899 sugeriu que a Conferencia Vicentina criasse um hospital de caridade na cidade.

  

Tão logo a proposta do confrade Sócrates foi acolhida pelos integrantes da Conferência, seus membros iniciaram a elaboração dos artigos e cláusulas que iriam compor um regulamento interno. Documentos necessários para o bom funcionamento do Hospital e que seriam apresentados à sociedade em reunião destinada a tratar do assunto, marcada para o dia 05 de novembro do mesmo ano.

 

No dia e hora marcados, com a presença do vigário da paróquia, cônego Agnello de Morais, foram realizadas a leitura e a aprovação de cada uma de suas cláusulas e artigos. O regulamento foi aprovado por unanimidade e transcrito na ata da reunião.

 

A denominação escolhida para o Hospital naquela oportunidade, “Hospital de Caridade da Conferência de N. S. do Desterro da Sociedade São Vicente de Paulo em Jundiaí”, por si expressava sua real finalidade: prestar internação médica gratuita aos enfermos pobres atendidos pela Sociedade Vicentina. Finalidade que, apesar das alterações administrativas sofridas nestes quase 120 anos de existência é mantida até os dias atuais. Agora com uma abrangência ainda maior, tanto no número de internações quanto nos recursos modernos da medicina, que são colocados à disposição de todos, sem distinção de classe social. Deste modo é mantido o espírito Vicentino de humildade e amor ao próximo, principalmente aos menos favorecidos, proclamado por Antonio Frederico Ozanam, em 1833.

A ideia se materializou

Também em 05 de novembro de 1899 foi aprovado o conselho diretor do Hospital, denominado “mordomia”, a qual estaria sempre sob a supervisão do Presidente da Conferência Vicentina e do Vigário da paróquia. Os escolhidos para tal responsabilidade foram os senhores Cel. Sebastião Ferreira, Tte. Francisco de Queiroz Telles, Francisco de Albuquerque Cavalcante, Major Boaventura Mendes Pereira, José Francisco de Queiroz Telles e Paulo Prates da Fonseca, que desde então seriam os responsáveis pela implantação e manutenção do Hospital.

Os Vicentinos sabiam que os doentes não poderiam esperar a construção de um prédio para o funcionamento do Hospital. Era preciso iniciar imediatamente o atendimento médico aos necessitados. Assim, provisoriamente, foi alugada uma casa na antiga Rua Areião, hoje chamada de Rua Dr. Leonardo Cavalcante. Nesse local, no dia 18 de fevereiro de 1900, com missa, transladação e benzimento da imagem de São Vicente de Paulo, os Vicentinos davam os primeiros passos para concretizar seu ideal.

 

A partir de seu funcionamento o Hospital ganhava vida própria e como tal precisava existir como pessoa jurídica. Para cumprir essa exigência legal, em reunião do dia 10 de março de 1900 foi elaborado um estatuto específico para o Hospital. O documento foi registrado em Cartório e a certidão publicada no Diário Oficial.

 

O prédio próprio do Hospital não demorou a se tornar realidade. Em 30 de setembro de 1900 o Sr. Paulo Prates da Fonseca doou aos Vicentinos metade de uma quadra de terreno, situada entre as avenidas 2ª e 3ª da Vila Antonio Leme.

 

Nesse terreno, graças à dedicação dos Vicentinos e a generosidade do engenheiro Maurício Dumangin, que não cobrou honorários por seus serviços, iniciou-se a construção do prédio próprio do Hospital. Em 28 de março de 1901 a estrutura estava parcialmente pronta e apta a receber os primeiros doentes.

 

As obras continuaram e no dia 20 de dezembro de 1902, o Hospital, que perante novos estatutos passou a ser chamado de “Hospital de Caridade São Vicente de Paulo”, dava início a seu funcionamento efetivo.

 

A data de inauguração oficial é 20 de dezembro de 1902, porém, só em 17 de março de 1906, após muito trabalho e vencendo muitos percalços, o edifício do Hospital, inclusive sua fachada, a última parte a ser erguida, estava totalmente concluído e foi inaugurado.

 

Nesse mesmo dia, em ata da Conferência Vicentina, consta a doação dos muros do Hospital pelas filhas do Dr. Francisco Telles, que teriam observado durante a cerimônia de inauguração que estes, apesar de imprescindíveis, não estavam erguidos no contorno do prédio.

As Irmãs Franciscanas

Desde a data de inauguração, o Hospital já contava com a presença das irmãs franciscanas, que assumiram a direção da instituição. Foram elas que iniciaram para os Vicentinos – responsáveis pela sua organização e manutenção – uma brilhante caminhada para o futuro. A dedicação diuturna das irmãs franciscanas aos doentes e o amor ao próximo traduziam a verdadeira filosofia dos Vicentinos.

 

Nos relatórios do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, que a Conferencia Vicentina publicava anualmente, havia sempre uma menção elogiosa às irmãs franciscanas. Não eram muitas irmãs, mas cumpriam com muita eficiência os afazeres administrativos e cuidavam com atenção e carinho dos enfermos, para os quais tinham sempre uma palavra de conforto para lhes amenizar as dores.

 

Quem teve oportunidade de conhecer o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo na época em que as “Irmãs de Caridade”, como eram conhecidas, estavam à frente do Hospital deve se recordar de tê-las visto em seus hábitos brancos, presentes em todas as atividades hospitalares, como enfermeiras, assistindo aos médicos durante as consultas e intervenções cirúrgicas, cuidando das parturientes, e dos recém-nascidos, doentes e se preciso até desempenhando funções mais humildes. Tudo com muita abnegação e dedicação.

Mais de cem anos depois

No dia 20 de dezembro de 2021, o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo completou 119 anos de dedicação à saúde de Jundiaí e região. Ao longo dos anos, tornou-se o Hospital de referência para uma população estimada de 900 mil habitantes, incluindo sete municípios.

 

É referenciado para urgência e emergência e alta complexidade em Oncologia, Neurologia, Cardiologia e Ortopedia/Traumatologia. Atende mensalmente 24 mil pessoas. É uma das instituições mais bem equipadas de todo o país e conta com corpo clínico de excelência.

 

Apesar de ter crescido e ampliado seus atendimentos, o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo não perdeu a principal característica que motivou sua fundação, ou seja, a Filantropia. Valor presente na dedicação de seus profissionais, no amor por cuidar de pessoas e salvar vidas.