De volta ao “antigo normal”: Psicóloga fala sobre os desafios do retorno as atividades presenciais

Pâmela Araújo – Psicóloga

Mesmo que a pandemia do novo coronavírus ainda seja uma realidade difícil de enfrentar, alguns hábitos da vida pré-covid têm sido retomados. Com a diminuição da média móvel de novos casos e mortes por covid-19 nos últimos meses, bem como o avanço da vacinação, há uma confiança maior em retornar ao ambiente de trabalho, para a escola, circular por bares e restaurantes, frequentar um clube e praticar atividades em grupo. Os dados do Ministério da Saúde indicam que nos últimos 4 meses, houve uma queda de 46% na média móvel de novos casos e de 65% de redução no número de óbitos pela doença respiratória. Aos poucos a vida volta ao “normal”.

O que para muitos pode ser uma tarefa fácil, para outros é mais uma batalha no campo da adaptação. As mudanças causadas pela pandemia obrigaram boa parte da população mundial a transformar o próprio lar em pelo menos mais dois ambientes: o do trabalho e o da escola. No início, administrar as rotinas no mesmo local trouxe muitas dificuldades para quem precisou conciliar a hiperatividade das crianças com a produtividade exigida pela profissão. 

Gradualmente, o que parecia uma missão impossível foi ficando cada vez mais familiar, bem a tempo de tudo mudar, de novo. A volta das atividades presenciais e a inconstância dos dias atuais tem potencializando a ansiedade, despertado sintomas depressivos, e acima de tudo evidenciado a necessidade do cuidado com a saúde mental das pessoas. Só no Brasil, 53% da população declarou que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano, como aponta estudo do instituto Ipsos, terceira maior empresa de pesquisa e de inteligência de mercado do mundo.

A psicóloga do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Pâmela Araújo, explica que nesse momento é imprescindível gerenciar as emoções com cautela. “Para quem passou todo esse período em home office, por exemplo, com medo do contágio pelo coronavírus, possível acúmulo de tarefas e consequências do longo período de isolamento, é importante gerenciar as emoções. Os gestores e as empresas também precisam se atentar a essas demandas, se preocupando com a saúde do colaborador e lembrando que o estado de saúde mental também pode interferir no desempenho profissional”.

Ações de bem-estar são de grande ajuda, já que a introdução de atividades físicas e recreativas na rotina podem reduzir o nível de estresse. “Também é importante que a população evite o uso do tabaco, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções, manter relacionamentos familiares e sociais estáveis. É preciso respeitar o ritmo do sono, limites físicos e psíquicos, além de equilibrar o tempo entre as atividades profissionais e os tempos de lazer”, ressalta a psicóloga.

No HSV

Se por um lado foi preciso se adaptar às novas rotinas dentro do ambiente domiciliar, por outro foi preciso um esforço maior daqueles que mantiveram o trabalho presencial ativos. Para dar suporte e evitar os efeitos contrários ao isolamento, o HSV implantou um serviço específico para assistência psicológica a seus profissionais. 

A psicóloga explica que em ambos os casos, é importante que as organizações invistam e disponibilizem o tratamento adequado aos trabalhadores. “Conseguir administrar as emoções e nos tornar capazes de identificar fatores estressores é um ponto muito positivo. Para isso, precisamos aumentar o nível de autoconhecimento, e o apoio de um profissional é uma ótima alternativa para esse desenvolvimento. Um acompanhamento psicoterapêutico pode ser um facilitador”, recomenda.

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