Frente fria “espanta doadores”, mas a vida não espera

14 de junho – Dia Mundial do Doador de Sangue

Comprometidos com a saúde do próximo, a cada três meses um grupo de pessoas solidárias comparecem aos diversos laboratórios espalhados pelo país a fim de doar sangue e esperança aos enfermos que aguardam pela transfusão. Entretanto, a prática ainda está longe de ser amplamente aderida, como mostra o estudo da farmacêutica Abbott, divulgado em novembro de 2021. A pesquisa aponta que apenas 19% da população brasileira doa sangue com regularidade, ou seja, uma vez por ano. Além de contarem com a iniciativa do doador, os bancos de sangue também foram e são impactados diariamente por fatores como a pandemia, contraindicações e condições climáticas.

Dr. João ressalta importância da doação de sangue

Com a frente fria registrada no fim de maio e começo do mês de junho, os estoques apresentaram queda de 30%, preocupando os profissionais e, principalmente, os pacientes que aguardam as doações para terem uma nova chance de viver. O médico hematologista e gerente médico da Colsan Jundiaí, Dr. João Augusto Fernandes Gonçalves, explica que as datas e campanhas de conscientização ajudam o serviço durante esses períodos. “Contamos com algumas ações em andamento que nos auxiliam a recompor o estoque. Por conta das baixas temperaturas, muitos desistem de doar e, por isso, essas campanhas geralmente são realizadas nessa época”.

No Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), o consumo médio é de 1.200 bolsas de sangue ao mês, utilizadas em cirurgias de média e alta complexidade para as especialidades das quais a instituição é referência em atendimento, como cardiologia, neurocirurgia, oncologia, traumatologia e urgências e emergências. Mesmo com a queda, a instituição não foi afetada já que mantém estoques suficientes para a demanda da região. “De qualquer forma é importante salientar que esse cenário pode mudar se os estoques continuarem abaixando. Por isso é preciso conscientizar e estimular a prática. Uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas”, reforça Dr. João.  

Em 2020, após ser diagnosticado com a Doença de Crohn, o colaborador do HSV, Wesley da Silva Vaz, de 29 anos, sentiu na pele a importância da doação de sangue. “Eu sentia muitas dores no estômago, estava com problemas intestinais e emagrecendo muito. Fui ao médico e fui diagnosticado com um estágio muito avançado da enfermidade. É uma doença intestinal inflamatória e crônica que afeta o revestimento do trato digestivo. Passei por duas cirurgias, fiquei 3 dias em coma e 25 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva do São Vicente. O tempo todo recebi todo o apoio da minha família e dos meus colegas de trabalho, que faziam rodas de oração pedindo pela minha vida. Recebi alta há 5 meses e já estou quase 100% recuperado”, conta.

Na esquerda, Wesley no inicio do tratamento. Wesley considera sua recuperação um milagre

Entre o primeiro e segundo procedimento cirúrgico, Wesley precisou de transfusão e utilizou 4L de sangue. “Desde então tem sido uma jornada de muita força, fé, coragem e aprendizado. Eu nunca doei sangue e nem sei como agradecer por ter recebido. Me arrependo de não ter pensado sobre isso quando estava no auge da minha saúde, porque não é um assunto que pensamos no dia a dia, que consideramos fazer, as vezes por medo de agulha ou por falta de informação mesmo. Hoje, depois de ter precisado, tenho certeza de que serei um doador. Nunca sabemos em qual lado estaremos. Sou grato pelas pessoas que pensaram em mim mesmo não me conhecendo e ajudaram a salvar a minha vida”, agradece. 

Com a pandemia, a Colsan adotou medidas de segurança para quem deseja doar. As doações podem ser agendadas por meio do aplicativo `Colsan – Doe Sangue, Doe Vida´, disponível nas lojas de aplicativos on-line. No ambiente físico, o laboratório sinalizou o distanciamento e reforçou as práticas de higienização, com frascos de álcool gel em vários locais e a obrigatoriedade do uso de máscara.

Doe Sangue, Doa Vida!

Para doar é necessário apresentar um documento com foto. A idade permitida é dos 16 aos 69 anos, sendo que menores de 18 precisam estar acompanhados de um responsável.  O doador deve pesar mais de 51 quilos, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas que antecedem a doação. É preciso estar bem alimentado. Em situações de risco acrescido a doação não será autorizada. O doador passa por uma triagem e por uma entrevista clínica. A doação de sangue é um procedimento seguro e saudável, não causa nenhum risco.

Os interessados devem procurar a Colsan, localizada na Rua 15 de Novembro, Nº 1498. O telefone para contato é 4521-4025.

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