Maio Roxo alerta para doenças intestinais que impactam a qualidade de vida

Campanha termina, mas DIIs exigem atenção contínua

Mais de 200 mil brasileiros convivem com Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. O levantamento é da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), com base em dados coletados na plataforma DataSUS, do Ministério da Saúde, e divulgados no mês passado. Diante desse cenário, campanhas como o Maio Roxo ganham ainda mais relevância ao promover conscientização e ampliar o acesso à informação sobre essas enfermidades crônicas.

Embora o mês dedicado à divulgação e mobilização esteja terminando, segundo os especialistas, o assunto é urgente o ano todo. A médica gastroenterologista, Dra. Larissa Roseiro, explica que as DIIs provocam sintomas debilitantes, que interferem diretamente nas atividades diárias, no desempenho no trabalho, nos estudos e na vida social dos pacientes. “As principais doenças do grupo — a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa — são de caráter inflamatório crônico e reincidente, resultantes de uma resposta imunológica inadequada em pessoas com predisposição genética”.

Os sintomas mais comuns das DIIs incluem diarreia crônica (por mais de quatro semanas), desconforto abdominal, fraqueza, emagrecimento e, em casos mais graves, evacuações frequentes com presença de sangue, muco ou pus, que podem levar a internações recorrentes. A Doença de Crohn pode atingir qualquer parte do sistema digestivo, desde a boca até o ânus, sendo mais comum no íleo terminal e cólon direito. A inflamação, nesse caso, é mais profunda, atingindo todas as camadas do intestino. Já a Retocolite Ulcerativa se limita à mucosa e submucosa do cólon e reto, causando inflamações localizadas.

Essas doenças podem acometer pessoas de qualquer idade e sexo, mas são mais prevalentes entre adultos jovens, com idades entre 20 e 40 anos. Embora as causas exatas ainda não sejam totalmente compreendidas, acredita-se que fatores genéticos, ambientais, imunológicos e até dietéticos, desde a infância, desempenhem um papel no desenvolvimento das DIIs. Alterações na microbiota intestinal e a má qualidade da dieta também estão entre os fatores contribuintes.

Desconforto abdominal está entre os sintomas mais comuns

O diagnóstico envolve a combinação de sintomas clínicos e exames específicos, como colonoscopia com biópsia, exames de imagem (enterotomografia ou enterorressonância) e exames laboratoriais que detectam inflamação, como PCR, VHS, ferritina e albumina. Em alguns casos, também são utilizados biomarcadores fecais, como a calprotectina.

Apesar de não haver cura, o tratamento das DIIs pode controlar os sintomas e manter a doença em remissão, proporcionando qualidade de vida e autonomia ao paciente. A abordagem é individualizada e pode incluir medicamentos como supositórios, corticoides, imunossupressores, imunobiológicos e, mais recentemente, terapias com pequenas moléculas. Em situações mais graves, pode ser necessária intervenção cirúrgica. A convivência com a Doença de Crohn ou a Retocolite Ulcerativa é possível com acompanhamento médico adequado e adesão ao tratamento”, reforça a especialista.

Além do tratamento medicamentoso, a adoção de hábitos de vida saudáveis é fundamental tanto para a prevenção quanto para o controle da doença. Alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos, controle do peso, abandono do tabagismo e redução do consumo de álcool são medidas que fazem a diferença na rotina dos pacientes.

Nesse contexto, a sociedade tem um papel essencial no acolhimento dos portadores de DIIs, promovendo empatia, combatendo o preconceito e os tabus relacionados ao funcionamento intestinal, e garantindo condições adequadas nos ambientes de trabalho e estudo, como horários flexíveis e acesso facilitado a banheiros.

Hoje, diversos grupos de apoio, especialmente nas redes sociais, auxiliam pacientes e familiares na troca de experiências, além de oferecer suporte psicológico e nutricional. É fundamental, no entanto, que qualquer sintoma seja avaliado por um médico especialista”, conclui Dra. Larissa.

Dra. Larissa Roseiro fala sobre a campanha Maio Roxo e os impactos das DIIs

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