O calor intenso que tem marcado os últimos dias está afetando grande parte do estado e traz um alerta de saúde pública: as altas temperaturas, combinadas com chuvas esparsas, são condições ideais para a incidência do Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. Isto porque o aumento do calor acelera o ciclo de vida do mosquito, permitindo que ele se reproduza mais rapidamente. Apesar dos cuidados preventivos serem amplamente conhecidos, é essencial reforçá-los neste momento. A médica clínica do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Natieli Tayrini Orlandini Fernandes, esclarece pontos importantes sobre a transmissão, os sintomas e as principais opções de tratamento da dengue.
Transmissão
A dengue é transmitida pela picada de mosquitos fêmeas infectados das espécies Aedes aegypti e, em menor escala, Aedes albopictus. Esses mosquitos contraem o vírus ao se alimentarem do sangue de uma pessoa infectada, podendo transmiti-lo ao picar outra pessoa. Além disso, o mosquito também pode já nascer portador do vírus. De acordo com a especialista, é possível contrair dengue até quatro vezes, pois existem quatro sorotipos do vírus da dengue: o DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Após contrair um sorotipo, o indivíduo fica imune a ele, mas pode ser infectado pelos outros.
Sintomas
Os primeiros sintomas incluem: febre alta repentina; dor de cabeça intensa; dor atrás dos olhos; dores musculares e articulares; manchas vermelhas na pele; fadiga; náuseas e vômitos. Geralmente, os sintomas aparecem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito.
“Os sinais são semelhantes a outros diagnósticos, como gripe ou até mesmo covid-19, mas é possível identificar a diferença. A gripe é caracterizada por tosse, congestão nasal e dor de garganta, diferentemente da dengue. Já a covid-19 pode incluir sintomas respiratórios como perda de olfato e paladar, além de febre e fadiga. Para confirmar o diagnóstico, é necessário realizar exames específicos”, ressalta Dra. Natieli.
Já a dengue hemorrágica é a forma grave da doença, caracterizada por sangramentos nas gengivas, nariz ou urina; manchas arroxeadas na pele; dor abdominal intensa; vômitos persistentes; e queda de pressão arterial (choque). Se não tratada, pode ser fatal. Ao notar esses sinais, deve-se buscar atendimento médico imediato.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é feito com base nos sintomas e confirmado por exames laboratoriais, sendo estes o teste NS1, que detecta o antígeno do vírus nos primeiros dias da infecção; a sorologia – IgM e IgG – que identifica anticorpos contra o vírus; e o hemograma, que pode mostrar redução de plaquetas e alterações nos glóbulos brancos.
“Mesmo com os exames, não existe um tratamento específico para a dengue. O manejo é baseado em hidratação oral ou intravenosa, uso de medicamentos para febre e dor, e repouso. É importante destacar que o uso de anti-inflamatórios está contraindicado, pois pode aumentar o risco de complicações. Casos graves requerem hospitalização. De qualquer forma, é possível prevenir a doença com o uso de repelentes, que são eficazes. Deve-se aplicá-los nas áreas expostas da pele, respeitando as orientações do rótulo”, orienta a médica.
Dados Estatísticos
No ano passado, entre 01 e 20 de janeiro, as unidades de Pronto Atendimento Central, Hortolândia, Ponte São João e Retiro registraram, juntas, 171 casos suspeitos de dengue. Já em 2025, no mesmo período, o número subiu para 201. A prevenção é essencial para garantir a segurança de todos, por isso, adote as seguintes medidas: evite o acúmulo de água parada, tampe caixas d’água, cisternas e tonéis; descarte corretamente recipientes como latas, garrafas, pneus e outros objetos que possam acumular água; mantenha calhas e ralos limpos para garantir que a água tenha escoamento adequado; trate piscinas e fontes utilizando cloro regularmente e mantenha a circulação da água; coloque areia nos pratos de vasos de plantas; limpe semanalmente bebedouros de animais e mantenha lixeiras sempre fechadas.

Dra. Natieli orienta população sobre os riscos da dengue